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O índice de atividade do Banco Central mostra que a estagnação da economia detectada em maio persistiu em junho, quando o indicador pode ter ficado até ligeiramente negativo, e em julho. O crédito para as empresas deixou de crescer e não há reação em julho, enquanto os financiamentos à pessoa física dão sinais de exaustão, indicando que os cidadãos já podem estar perto de seu limite de endividamento.
Os números de crescimento do emprego com carteira assinada estão sendo fortemente influenciados pela construção civil, que, pelo aumento do crédito e programas de habitação popular, vem em forte expansão e dá ocupação a grande contingente de mão de obra não qualificada, até então fora do mercado de trabalho. No restante da economia, a expansão do emprego não é exuberante.
A esse cenário, soma-se o fato de que, para alcançar 7,3% de expansão este ano, como estimou o Banco Central no último Relatório de Inflação, o Produto Interno Bruto (PIB) precisa crescer apenas 0,5% a 0,6% a cada um dos dois últimos trimestres do ano, graças ao efeito estatístico do significativo carry-over de 2009 (quando o PIB decresceu), e pelo forte crescimento de 2,7% no primeiro trimestre.
Estas foram razões para o Banco Central ter reduzido o percentual de elevação da taxa de juros Selic na última reunião do Copom, além, é claro, da taxa de inflação mostrar-se comportada - o IPCA-15, divulgado dia 20 de julho, um dia antes de o Copom anunciar a nova Selic de 10,75%, acusou deflação de 0,09%.
Nessa perspectiva, 2010, depois de ter-se iniciado com uma taxa do PIB anualizada perto de 13%, pode fechar com uma taxa de cerca de 2,5%, abaixo do crescimento do PIB potencial, e, portanto, sem pressionar a inflação. Uma carga excessiva de juros agora, que produzirá efeitos no ano que vem, pode ser desnecessária e reduzir a taxa de crescimento até mesmo abaixo dos 4% a 4,5% previstos.