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Oportunidade para crescer e se projetar no mercado. É assim que muitas pequenas empresas enxergam a chance de fornecer para um cliente de grande porte.
Para entrar nesse clube, porém, é preciso se adequar a exigências cada vez mais rígidas em termos físicos, sociais, fiscais e ambientais.
Isso porque as grandes empresas são pressionadas por leis e pelo mercado a seguir uma série de normas que têm como objetivo reduzir os riscos para os investidores, os clientes e as demais partes interessadas. É a chamada governança corporativa.
Algumas dessas regras são estendidas pelas multinacionais para todos os membros de sua cadeia produtiva.
“Se um fornecedor tiver um problema fiscal, por exemplo, pode comprometer a reputação de seu cliente”, explica Carlos Airton Pestana Rodrigues, diretor da consultoria Governance Solution e professor da BSP (Business School São Paulo).
Assim, gigantes como Petrobras, Bradesco, Vale e Grupo Algar, que trabalham com pequenas empresas em sua cadeia, ressaltam a importância de se cumprirem exigências.
As obrigações abrangem publicação de balanços de acordo com princípios contábeis internacionais, adoção de padrões de qualidade (como os da ISO) e de rotulagem e adequação para obtenção de certificados ambientais.
No McDonald’s, por exemplo, o pilar é a segurança alimentar, conforme afirma Celso Cruz, diretor da cadeia de suprimentos da multinacional. “Todos os fornecedores têm de se basear nisso.”
Exemplo
Em 2004, a Crivo, que faz sistemas para análise de crédito, decidiu conquistar bancos como clientes.
Para isso, adotou padrões internacionais de publicação de relatórios financeiros e reorganizou os departamentos de vendas e marketing.
Também formou um conselho consultivo remunerado, composto por dois executivos com experiência. “Eles trazem a visão de fora”, comenta Rodrigo Del Claro, 32 anos, diretor de relacionamento.
Com as iniciativas, a empresa saiu dos R$ 300 mil de faturamento em 2004 para os R$ 20 milhões em 2009.
Entenda
O tema governança corporativa ganhou visibilidade a partir do fim dos anos 1990, com os escândalos financeiros de companhias como Enron e Worldcom.
Para garantir a segurança de investidores e evitar a fuga de capital, os EUA instituíram, em 2002, a lei Sarbanes-Oxley. Ela endureceu as regras fiscais para empresas com ações na Bolsa de Nova York.
A governança tornou-se parâmetro a investidores e, logo, para empresas que desejavam obter aporte - mesmo as de capital fechado. Para garantir o controle da gestão, estenderam as exigências aos fornecedores.