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Com receio de que o cenário econômico poderia piorar e diante do endurecimento de algumas instituições financeiras na hora de renegociar as dívidas, os consumidores deixaram alguns débitos de lado e as taxas de inadimplência alcançaram patamares que ultrapassaram os 10% neste ano. Já a partir de maio, no entanto, com a melhora das condições, os níveis de endividamento foram regredindo e alcançaram queda de 0,5% em outubro último. Para 2010, a expectativa é a de que ainda haja quedas - ao menos no primeiro semestre.
"A inadimplência registrou um aumento forte no começo do ano, até porque as pessoas tinham dificuldade de renegociar as dívidas. Com o crédito escasso e prazos curtos não havia condições para renegociação", explica o economista da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), Marcel Solimeo. "Na medida em que o crédito foi voltando ao mercado, com prazos mais longos e juros mais baixos, a renegociação passou a ser facilitada".
Segundo ele, a tendência é que as taxas continuem em queda no próximo ano, seguindo o ritmo dos últimos meses de 2009. "A recuperação de crédito está crescendo fortemente, o que faz cair a inadimplência, não só os novos negativos estão crescendo mais lentamente, mas também porque [esse cenário favorável] facilita a renegociação", afirma Solimeo.
"Acho que em 2010, pelo menos em boa parte dele, principalmente no primeiro semestre, a gente continue com um quadro bastante favorável de inadimplência", acredita o gerente de Indicadores de Mercado da Serasa Experian, Luiz Rabi. Ele concorda que as taxas de endividamento alcançaram patamares altos neste ano, mas o retorno de um cenário mais favorável está aliviando o bolso dos consumidores, que estão mais propensos à renegociar os débitos.
Segundo semestre preocupante
Porém, Rabi não vê o segundo semestre de 2010 da mesma forma que enxerga o primeiro. Para ele, se o crédito ao consumo, que está crescendo fortemente neste semestre, continuar neste ritmo, é inevitável que o endividamento cresça na mesma proporção. "A velocidade de endividamento não está sendo acompanhada pela velocidade do aumento da renda", explica. "O comprometimento das pessoas está crescendo mais que a própria renda. Acho que temos um risco de termos um segundo semestre de 2010 em que a inadimplência, que hoje está em queda, comece a demonstrar sinais de elevação", analisa.
Solimeo também acredita em aumento e vê a inadimplência crescendo na mesma proporção do crédito no próximo ano. Porém, ele não acredita em grandes diferenças frente a 2009. "Ou seja, em termos relativos não deve crescer [a inadimplência]", afirma, explicando que o grau de endividamento do consumidor aumentou, mas ainda não alcançou o seu potencial.
Isso significa que o aumento do endividamento é natural, pois ainda há espaço. Para Solimeo, o endividamento crescerá na medida em que o emprego e a renda continuam crescendo. "Todo ano tem aumento da inadimplência, mas, desde que ele seja proporcional ao aumento das vendas, não significa um aumento em termos relativos. Por enquanto não há razão para uma preocupação maior com a inadimplência", pondera.
Rabi analisa de outra forma e acredita que o aumento exagerado das concessões de crédito pode fazer o endividamento aumentar a patamares preocupantes. "O risco de inadimplência sempre existe e muitas vezes ele pode até comprometer o bom momento que a gente está vivendo hoje", avalia. "Há risco para 2010 de os consumidores esticarem um pouco a corda e os bancos esticarem também, além do que deveriam".
Apesar dessa análise, o especialista da Serasa prefere ver o quadro da inadimplência com cuidado. "Vamos observar. Por enquanto as coisas estão indo bem, mas precisamos de cautela diante dessa euforia em termos de crédito e de consumo que se formou, principalmente agora neste fim de ano", avisa.