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Márcia De Chiara
O Natal deste ano será o maior da década. O faturamento real do comércio em dezembro deste ano, já descontada a inflação, deve atingir R$ 91,9 bilhões, segundo projeções da MB Associados feitas com base na Pesquisa Mensal de Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O acréscimo de vendas esperado para dezembro, comparado com o mesmo mês de 2008, é de R$ 10,4 bilhões. É uma cifra dez vezes maior que a expansão na receita das lojas registrada em dezembro do ano passado, que foi de apenas R$ 978 milhões em relação ao ano anterior.
Benefícios fiscais, como isenção de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para vários setores, como automóveis, geladeiras, máquinas de lavar, materiais de construção e, agora, móveis, combinados com aumento do salário do funcionalismo público, do Bolsa-Família e a política monetária mais frouxa, sustentam o maior Natal da década, explica o economista-chefe da consultoria e responsável pela projeção, Sergio Vale. "Mas o fator preponderante para a ampliação do consumo de Natal é a política fiscal", ressalta o economista.
"Vai vender tudo neste Natal", prevê o economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Emílio Alfieri. Isso significa que, depois de vários Natais da "lembrancinha", este poderá ser também o Natal dos presentes de maior valor.
O economista da ACSP faz essa previsão com base em dados deste mês. Na primeira quinzena de novembro, pela primeira vez no ano, o número de consultas para vendas a prazo cresceu em relação a igual período do ano passado. O acréscimo foi de 0,7%, mas indica uma mudança importante na tendência, pois até outubro só houve quedas ante 2008.
Entre as vendas a prazo e à vista, que praticamente não foram afetadas neste ano, Alfieri diz que a entidade espera um acréscimo entre 5% e 6% no número de consultas em dezembro, em relação ao mesmo mês de 2008. "Neste ano, as vendas a prazo e à vista no Natal estarão equilibradas", diz.
Ele lembra que no Natal de 2008 houve crescimento apenas nas compras à vista porque os financiamento foram afetados com a crise de crédito, que provocou redução de prazos de pagamento e subida dos juros.
Neste ano, no entanto, a situação é exatamente inversa: as lojas alongaram os prazos, inclusive das vendas anunciadas sem juros. Grandes redes varejistas anunciam os produtos em 17 vezes sem acréscimo, quando, no ano passado, esse prazo não passava de 10 vezes.
O otimismo do comércio não se restringe aos itens beneficiados pela queda do IPI e pelas condições facilitadas de pagamento. Por causa do aumento da renda e do emprego, alimentos e bebidas estão na lista dos produtos que vão ter um grande crescimento de vendas neste fim de ano. Pesquisa da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) mostra que os supermercadistas esperam para este ano um acréscimo de 7,8% nas vendas em dezembro, na comparação com as do Natal de 2008. Segundo a enquete, 85% dos supermercados ampliaram as encomendas de produtos para as festas de fim de ano e só 3% reduziram os pedidos.
De acordo com Vale, da MB, o aquecimento do consumo, iniciado em meados deste ano, deverá atingir o pico no segundo semestre de 2010. Ele projeta que, em agosto do ano que vem, o acréscimo no faturamento do varejo acumulado em 12 meses será de R$ 103 bilhões, voltando ao topo atingido em meados de 2008. Para o economista, esse movimento poderá despertar a inflação mais cedo.