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Gladys Ferraz Magalhães
A renda insuficiente e o acesso fácil ao crédito fazem com que o brasileiro não tenha o hábito de poupar para os chamados gastos emergenciais, aqueles que aparecem de repente, como o conserto de um automóvel ou um problema de saúde, segundo informa a analista e professora de Psicologia Econômica da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras), Vera Rita de Mello Ferreira.
`Com o crédito fácil, as pessoas acabam recorrendo ao limite do cheque especial, do cartão de crédito, quando acontece alguma coisa`, analisa.
Além disso, explica ela, no geral, a pessoas entendem que poupança é algo para comprar bens de grande valor e não para as despesas emergenciais ou mesmo aqueles gastos habituais de início do ano.
Outros países
De acordo com uma pesquisa realizada pela TNS, os brasileiros não estão sozinhos, quando o assunto é a falta de hábito em guardar dinheiro para gastos emergenciais. O estudo revela que metade dos consumidores de países desenvolvidos, especialmente os do Reino Unido, dos Estados Unidos e da Alemanha, não teriam recursos para enfrentar uma despesa financeira não planejada.
Caso necessitassem, 46% dos norte-americanos não conseguiriam obter, em um mês, US$ 2 mil, considerando recursos da poupança, de empréstimos bancários ou de empréstimos com amigos e familiares. O percentual sobe para 47% entre os alemães e 49% no Reino Unido. No México, 58% dos entrevistados afirmaram que seria impossível conseguir este valor.
Por outro lado, os moradores de Luxemburgo (90%), Itália, Holanda e Canadá, com 70% cada, mostraram-se extremamente confiantes de que resistiriam a uma emergência financeira.
Onde angariar fundos?
No que diz respeito onde os consumidores buscariam recursos para emergências, a pesquisa apontou que a poupança seria a principal modalidade para 50% dos alemães, britânicos, canadenses e portugueses, 86% dos moradores de Luxemburgo e 89% dos holandeses.
Redes de relacionamento informais são a preferência de mexicanos (53%) e argentinos (42%), sendo que as mulheres são as mais propensas a pedir ajuda à família ou aos amigos do que os homens.
Quanto ao cartão de crédito, recurso comum, segundo Vera Rita, para os consumidores brasileiros, as famílias de outros países não esperam utilizá-lo para emergências, diz o estudo da TNS. Menos de 20% dos entrevistados de todos os países recorreriam ao plástico como forma de auxílio.
Dentre os que mais utilizariam o plástico, estão entrevistados de países como Canadá (28%), Luxemburgo (27%) e Estados Unidos (20%).