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A pandemia gerou um grande impacto na educação brasileira, não há dúvidas. A mudança do ensino presencial para o online, o acesso à internet no País e o desafio de prender a atenção dos jovens foram alguns dos inúmeros desafios do período. Essas mudanças levantaram debates na educação e na vida dos brasileiros que começaram a conviver com uma crise sanitária e econômica, que fez o Brasil alcançar recordes de inadimplência e ressuscitar temas como a educação financeira.
De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), o nível de endividamento médio das famílias brasileiras em 2021 foi o maior em 11 anos. O último ano apresentou recorde, registrando uma média de 70,9% das famílias brasileiras endividadas. Dezembro alcançou o patamar máximo histórico: 76,3% das famílias com dívidas.
No Brasil, cerca de 85% dos pais falam sobre educação financeira com os filhos em casa, mas ao menos 66% atrasaram pagamentos de despesas básicas e 67% já tiveram o nome sujo em algum momento da vida, de acordo com a pesquisa “Finanças Infantis”, realizada pelo Serasa.
Nestes meus quase 15 anos dentro de salas de aula, já testei muitos métodos de personalização no ensino de matemática e finanças. Técnicas como imersões, uso de casos práticos/reais, Aprendizado Baseado em Problemas (PBL, na sigla em inglês) e exercícios de autonomia têm se mostrado eficientes para melhorar o desempenho dos alunos.
Hoje está claro que a aplicação de um único método de ensino prejudicou jovens e adultos que não se adequaram e passaram a não gostar de frequentar aulas – eu já fui um deles. Particularmente, tenho uma forma específica de aprender. Gosto de estudar o assunto antes e usar o tempo da aula para discutir ideias. Mas tem quem prefira só sentar e ouvir alguém falar; e está tudo bem.
Imagine as disciplinas de Matemática e Física, que possuem aplicações em robótica, engenharia e finanças. Um jovem que não se interessa por álgebra ou física pode se encantar por esses temas quando aplicados à programação de robôs. Porém, a estrutura exigida para manter salas, professores e instalações à disposição pode custar demais e inviabilizar a personalização, se aplicado de uma forma mais arcaica.
Uma alternativa, por exemplo, é usar a tecnologia como aliada. Existem exemplos dessa aplicação como: contação de histórias disponíveis na internet (os alunos escolhem os temas das aulas), gameficação, uso de aplicativos, simuladores, entre outros.
De todos os métodos de ensino que testei, a metodologia ativa chama atenção - especialmente o PBL. Criamos (ou trazemos) um problema em sala – relacionado com o mundo real – que pode ser resolvido com os conceitos que foram discutidos, enquanto que cada aluno o soluciona da sua forma.
Existem muitas lições que as crianças e jovens podem levar da escola para casa, que aliadas a uma tecnologia cada vez mais acessível e com um bom planejamento estratégico e pedagógico dos professores, propiciam que os filhos ajudem os pais a construir um orçamento doméstico mais equilibrado, criando gerações mais independentes. No fim, todo mundo ganha.
Felipe Pontes - Diretor educacional e de P&D do TC
Doutor em Ciências Contábeis pela Universidade de Brasília (UnB/UFPB/UFRN), Felipe Pontes sempre direcionou sua pesquisa para o uso da contabilidade no mercado de capitais. Investidor desde 2010, é sócio do TC, diretor estatutário (áreas de Educação e Pesquisa & Desenvolvimento) e membro do Comitê de Compliance & Risco da empresa, bem como membro do Comitê de Investimentos do TC Matrix. Também produz análises e comentários sobre as principais demonstrações contábeis das empresas listadas em bolsa. Além disso, Pontes é sócio e CEO do TC Matrix Ltda. e gestor de ações do Azure Clube de Investimentos. Como professor, lecionou no Departamento de Finanças e Contabilidade da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) para graduação, mestrado e doutorado, entre 2012 e 2019. Tem experiência com avaliação de empresas, análise fundamentalista e gestão de clube de investimentos. Hoje se dedica a ajudar o TC a ampliar as ações de educação financeira dentro da plataforma, por meio do TC School, com foco em inovação e na disseminação de conhecimentos sobre finanças.
Felipe Pontes, professor, doutor e diretor educacional do TC